O Golpe do Dia Seguinte
(por
Álvaro Maciel)
No dia 30/06 tivemos nítida demonstração do grau de
conservadorismo que tomou a Câmara Federal do Brasil sob o comando do
determinado e faminto Eduardo Cunha. A despolitização do discurso da direita é
algo horripilante. Seus parlamentares são despreparados e usaram de tudo,
chantagem emocional, facismo, mentiras, racismo, desvio de conduta, etc em
busca de votos. É chocante assistir nas plenárias
os diversos discursos de reverência dirigidos ao Cunha, um verdadeiro
beija-mão. Esse endeusamento assustador por parte dos parlamentares encabrestados
e as manobras facistas do presidente da Câmara agridem ao povo brasileiro.
Temos um parlamento contrário ao Brasil, que demonstra ódio
ao PT e, através da tentativa sedenta de aprovação da PEC 171, demonstrou ignorar a situação dramática da
população jovem do país, divididas em
parcelas específicas; as mais pobres , as
que vivem em territórios de maior
violência, as das zonas de prostituição, as que sofrem com trabalhos forçados,
as que são humilhadas pelo preconceito raciais, as que não tiveram acesso à
educação e cultura, dentre outros segmentos da juventude. Os mesmos
parlamentares que votaram pela continuidade do financiamento empresarial às
campanhas agora disseram SIM à redução da maioridade penal. Perderam no dia
30/06 e na madrugada do dia seguinte foram convencidos pelo presidente da Câmara a votarem uma
matéria já vencida.
A esquerda, por sua vez, teve atuação impecável, com
discursos profundos e convincentes, em defesa da juventude. Em menor número,
nossos parlamentares tiveram o papel de aglutinar o máximo possível de votos
para garantir a vitória do NÃO na votação de terça feira, 30/06. Quero parabenizar a Juventude Brasileira, e
também aos ex jovens, que ocuparam as ruas e as redes sociais para fazer a
devida pressão política e convencer os parlamentares indecisos e à sociedade. E
digo mais, não precisamos ser jovem para
entender que lutar pelos direitos da juventude é lutar por justiça social. Não
podemos nos dividir, não podemos abandonar as ruas, pois, temos neste momento
muitos poderosos contrários ao avanço democrático que ocorria no país, até
então.
A conjuntura atual é muito delicada. O setor de comunicação
do Brasil é retrógado e contrário às transformações esperadas pelos movimentos
sociais. O Congresso está mega conservador e, nitidamente, vinculado aos interesses
dos empresários que financiaram as
campanhas eleitorais. Temos, ainda, um
PSDB que não quer deixar ninguém descer do palanque eleitoral, pois não se
conforma com a derrota sofrida nas urnas.
Portanto, se faz necessária que se mantenha a organização
dos movimentos sociais populares, pois, teremos ainda muita luta pela frente. A
PEC 171 não pode ser aprovada definitivamente e, dentro em breve, será a vez da PEC 421 – do orçamento da
Cultura, chegar a essa mesma Casa.
Não podemos recuar. Os meninos de meninas ativistas
políticos brasileiros, que ocupam as ruas e praças, em todas as regiões do
país, dão à sociedade um exemplo de cidadania e patriotismo que merece a
atenção de todos. Essa juventude não luta em causa própria, sonham e lutam por
um país mais igualitário.
E para concluir: que essa vitória do dia 30/06 sirva para
motivar outros segmentos da juventude a engrossarem as fileiras dessa linda
militância. Que "o golpe do dia seguinte" não nos desanime. Que o chamado às ruas seja
ouvido também pelos ex jovens e por toda a sociedade. Que 2015 entre para a história como ano de
resistência dos movimentos populares contra o processo golpista que instaurou
no país. Vamos às ruas galera !
Fotos da ocupação da Cinelândia - no dia 30/06, no Rio antes da votação do texto substitutivo
Por 5 votos a PEC 171 foi barrada na Câmara Federal