segunda-feira, 31 de março de 2014

Rio de Janeiro Presente na Reunião da SN Cultu PT


Nos dias 28 e 29/03/2014, Fábio Lima, como representante do Rio de Janeiro no Coletivo Nacional de Cultura, Álvaro Maciel, como Secretário Estadual de Cultura PT/RJ e Fernanda Camargo, como observadora, participaram da reunião da Secretaria Nacional de Cultura do PT/RJ para discussão da contribuição petista ao Programa de Governo de Cultura de Dilma Rousseff, gestão 2015/2018. Outros temas foram também foram discutidos, como a participação dos membros das secretarias estaduais e nacional do Encontro da Teia dos Pontos de Cultura, em maio/14.




A Cultura como Diretriz Mãe para o Projeto de Nação


Sempre quando falarmos em Desenvolvimento, nos moldes dos tempos atuais, recomenda-se que levemos em conta os processos da globalização e das trocas culturais que eles são capazes de estimular. Neste fluxo misto, vamos perceber inúmeras vezes a valorização de representações culturais dominantes em detrimento das locais.  Além da relação global/local, estarão na centralidade desse debate um amplo leque de atores : sindicatos, associações, universidades, coletividades territoriais, mídia, indústrias, consumidores e cidadãos.  Foi a partir da constatação da saturação do modelo de desenvolvimento que exaure os recursos, causa grande número de  catástrofes naturais, gera crises financeiras , multiplica os bolsões de  pobreza e aumenta a exclusão social; que chegamos ao conceito do Desenvolvimento Sustentável.

A compreensão mais nítida e prática desses processos somente será possível através de uma observação regionalizada, que inclui a cultura como vetor de um desenvolvimento  adaptado ao contexto dos diferentes territórios. A organização social, associações, comunidades, governos, etc. é fundamental à concepção desse projeto de desenvolvimento. E a inclusão da cultura nesse modelo é o que chamo de Diretriz Mãe, baseada no respeito aos valores, ao meio ambiente e  à diversidade cultural.  Trata-se de um arranjo que permita às comunidades o protagonismo na relação com o processo da globalização e com sua própria identidade de forma que, nos diversos territórios, vamos encontrar modelos diferenciados de interdependências sociais e econômicas. Mais que uma diretriz, podemos entender esse arranjo social como Projeto de Nação. Um projeto que se contrapõe ao desenvolvimento baseado somente no consumo e  no comércio de mercadorias.

Logo a cultura deve ser referência para se empreender o conceito do desenvolvimento sustentável. Parece simples mas não é, pois, estamos lidando no mesmo processo com economia e identidades locais. A cultura, que inclui os saberes sobre o meio ambiente, é fundamental  ao enfrentamento aos novos desafios que se apresentam nesse veio complexo. Somente o simbolismo da Cultura é capaz de dar um sentindo mais completo à vida coletiva do ponto de vista do ser humano.  Por isso, na visão contemporânea, ela se revela  como vetor estratégico do desenvolvimento. A cultura deve estar antes, durante e depois do consumo.
  
Há alguns anos a ONU vem incluindo em seus documentos e publicações o acesso pleno à cultura como indicador da qualidade de vida. No Brasil, avançamos bastante, desde 2003 até aqui. O Congresso Nacional aprovou em 2013 a emenda à Constituição Federal que inclui a cultura no rol dos direitos sociais. No entanto, temos um longo caminho a trilhar para que o esclarecimento do papel estratégico da cultura para o desenvolvimento ganhe mais repercussão em nossas vidas e nas ações dos governantes. A marca do século passado, sem dúvida, foi a irracionalidade da imposição de um estilo de vida baseado no consumo nos moldes ocidentais.


É preciso que se reveja a história para que se entenda como foi construída a hegemonia de polos irradiadores da cultura europeia e americana.  Vamos encontrar formatos que forçaram a pasteurização, a partir de um eixo dominante, que por sua vez, atacou implacavelmente as diferenças e as peculiaridades regionais e territoriais. Para os atores do setor cultural não há duvida de que o Projeto 2014-2018 seja construído a partir de políticas públicas sensíveis aos valores e representações simbólicas de cada região, num diálogo direto com a relação local/global e que considerem a cultura como vetor estratégico de desenvolvimento. 

Este texto é resultado da minha recente relação com lideranças quilombolas, caiçaras, indígenas e gestores públicos das cidades de Valença, Vassouras, Angra dos Reis e Paraty, com os quais divido a inspiração e a autoria.  ( Álvaro Maciel–março/2014)