Reprodução do post no Facebook da ex-Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Marta Porto.
“Queridos amigos que comentaram aqui, enviaram mensagens, emails,
telefonemas, só tem sentido estar a frente de um cargo público se há
espaço e confiança para desenvolvermos um projeto de verdade, com as
redes da cultura, mas também dos direitos humanos, da infância, da
juventude, daquelas que ampliam nosso processo democrático.
A equipe que se juntou na SCC veio de vários pontos do Brasil, com
histórias e compromissos politicos históricos com a cultura e as
políticas culturais, Cesar Piva, Marcelo Marcelo Simon Manzatti, Paula
Gamper, Renata Monteiro de Souza, Pedro Domingues Monteiro Jr, Elaine
Rodrigues Santos, Clara Cecchini Do Prado, e trabalhamos 14, 15 horas
por dia nesses últimos meses. Para organizar uma Secretaria complexa,
dar respostas, e em especial elaborar um projeto de Direitos e Cidadania
Cultural, onde o acesso a cultura, as trocas culturais, a conquista das
causas que marcam o nosso tempo – Meio Ambiente, Direitos Humanos –
fosse uma marca de um trabalho renovador para a cultura, em prol do
chamado da Presidenta Dilma: “contribuir para a alma da democracia
brasileira”.
Projeto iniciado na década de 80 pela Prof. Marilena Chauí e que teve
no Partido dos Trabalhadores seu mais ardoroso defensor. Estivemos
nesse momento e depois mais adiante para contribuir, alguns como eu em
cargos públicos, na época como diretora de planejamento da Secretaria
Municipal de Cultura de Belo Horizonte, na Gestão Patrus Ananias. Hoje,
tínhamos a certeza que poderíamos renovar esses compromissos a luz do
espírito que marca o nosso tempo e a isso nos dedicamos dia e noite.
Aprofundar a experiência do Cultura Viva, um legado inegável para a
política cultural brasileira, mobilizar os jovens com suas formas de
participação social distintas da nossa geração, pensando as redes, a
cultura digital; mobilizar a sociedade e os atores culturais para uma
reflexão sobre os valores de cidadania e nosso passivo com os direitos
humanos e a justiça social. Colocar ricos, pobres, mestres da cultura
popular, artistas consagrados em processo de trocas e de mobilidades
simbólicas, através de nossos caminhos da diversidade, um grande projeto
nacional de identidade e circulação da nossa diversidade criadora, que
vem dos indigenas, das favelas, dos ribeirinhos, das mulheres, mas
também das festas populares, das redes conectadas, das artes urbanas e
de rua.
Fizemos pouco, mas nos dedicamos e acumulamos um legado de reflexões e
programas prontos para serem debatidos por todos nós. Estávamos
iniciando essa agenda de trazer para a sociedade nossas propostas, na
Política para a Juventude, parceria inédita com o Minstério da Saúde. do
Desenvolvimento Agrário, Fundação Palmares e Secretaria Nacional de
Juventude; da Politica para a Infância que reuniu em dois meses, em três
encontros históricos, pensadores, artistas, fazedores e que iria
conectar nossos pontinhos de cultura com creches, escolas e redes
governamentais além de propor formas para que cada Prefeitura desse país
pudesse promover uma política sólida de cultura para as nossas
crianças, monitorada pelo Unicef.
Um programa de acesso a cultura pensado em conjunto com a equipe do
economista Ricardo Paes e Barros, da Secretaria de Assuntos Estratégicos
da Presidência, onde estava em elaboração 5 mapas para desenvolver uma
plataforma metodológica indicativa de como compreender e propor as
condições de acesso a cultura, em especial em situações de
vulnerabilidade.
Preparávamos dois grandes Protocolos, um de Acessibilidade, dedicado a
pessoas com deficiência, e outro de Atendimento Cultural em Situações
de Tragédia e Emergência como as que vivemos na Serra Fluminense há tão
pouco tempo e que deixou familias e famílias em abrigos e ginásios.
Mas um projeto desses precisa de liderança, de priorização. Não pode
ser interditado, mal compreendido. Temos compromisso e história e se
podemos avançar vamos felizes, se não, não há cargo que nos mantenha no
lugar. Hasta luego e sempre pronto. beijos em todos.”
Marta Porto
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