quarta-feira, 23 de abril de 2014

Políticas Públicas e Participação Social

Hoje li muitos relatos de revolta, eu também estou muito triste e revoltado. O caso de confronto armado no Pavão, Pavãozinho e Canta Galo, que resultou nas mortes de dois jovens, foi uma aberração. Um atentado à cidadania.  Nesse momento está evidente que o Sistema fechou as portas que nem chegaram a ser abertas como as comunidades de favela merecem. Não há continuidade nas políticas públicas.

Falta uma política mais abrangente e profunda nas áreas de cultura, assistência social, saúde e educação. O Estado precisa ouvir mais as lideranças locais e aprender com quem conhece bem os problemas relativos à Juventude e à convivência nas favelas. Precisamos e uma visão sistêmica e transversal, não de programas isolados.

Já tivemos bons projetos como o Mulheres da Paz e por falta de interesse os projetos bons sempre acabam. Por isso se faz necessário a implantação de políticas permanentes, em forma de leis, que promovam a participação das lideranças desde sua concepção até a execução. O atual Programa de Segurança do estado está falhando em todas as regiões do RJ. Está mais do que provado que o projeto das UPPs sozinho é insuficiente. As atividades culturais nas comunidades, principalmente aquelas que envolvem a Juventude, sempre foram discriminadas e, pior, são frequentemente criminalizadas.

O Estado está colocando em risco as vidas dos moradores, pois, não se criou um programa mais amplo que consiga atrair jovens para oportunidades novas. O Governo Federal criou uma série de programas que não estão bem administrados nos governos estaduais. Muitos deles nem implantados foram. Sem essas portas no campo do social, educacional e cultural,  como  políticas permanentes, infelizmente, a Juventude das favelas continuará como alvo da criminalidade.


Quem conhece o complexo Pavão, Pavãozinho e Canta Galo conhece bem o grande potencial criativo de seus moradores e a enorme gama de artistas locais das diversas linguagens dos campos da música, artes visuais, dança, teatro, cinema, TV, circo, Carnaval, etc. Temos lá também o MUF, o museu de favela que tantos nos orgulha. Mas o Estado parece não ter olhos para esse potencial e continua errando ao investir especificamente em Segurança sem a devida correspondência de investimento nas outras políticas.  

Álvaro Maciel

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