Políticas Públicas e
Participação Social
Hoje li muitos relatos de
revolta, eu também estou muito triste e revoltado. O caso de confronto armado no
Pavão, Pavãozinho e Canta Galo, que resultou nas mortes de dois jovens, foi uma
aberração. Um atentado à cidadania. Nesse momento está evidente que o Sistema
fechou as portas que nem chegaram a ser abertas como as comunidades de favela
merecem. Não há continuidade nas políticas públicas.
Falta uma política mais
abrangente e profunda nas áreas de cultura, assistência social, saúde e educação.
O Estado precisa ouvir mais as lideranças locais e aprender com quem conhece
bem os problemas relativos à Juventude e à convivência nas favelas. Precisamos
e uma visão sistêmica e transversal, não de programas isolados.
Já tivemos bons projetos como o
Mulheres da Paz e por falta de interesse os projetos bons sempre acabam. Por
isso se faz necessário a implantação de políticas permanentes, em forma de
leis, que promovam a participação das lideranças desde sua concepção até a
execução. O atual Programa de Segurança do estado está falhando em todas as
regiões do RJ. Está mais do que provado que o projeto das UPPs sozinho é
insuficiente. As atividades culturais nas comunidades, principalmente aquelas
que envolvem a Juventude, sempre foram discriminadas e, pior, são
frequentemente criminalizadas.
O Estado está colocando em risco
as vidas dos moradores, pois, não se criou um programa mais amplo que consiga
atrair jovens para oportunidades novas. O Governo Federal criou uma série de
programas que não estão bem administrados nos governos estaduais. Muitos deles
nem implantados foram. Sem essas portas no campo do social, educacional e
cultural, como políticas permanentes, infelizmente, a
Juventude das favelas continuará como alvo da criminalidade.
Quem conhece o complexo Pavão,
Pavãozinho e Canta Galo conhece bem o grande potencial criativo de seus
moradores e a enorme gama de artistas locais das diversas linguagens dos campos
da música, artes visuais, dança, teatro, cinema, TV, circo, Carnaval, etc.
Temos lá também o MUF, o museu de favela que tantos nos orgulha. Mas o Estado
parece não ter olhos para esse potencial e continua errando ao investir
especificamente em Segurança sem a devida correspondência de investimento nas
outras políticas.
Álvaro Maciel
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