Mestre Cartola e Nelson Cavaquinho
Viva do Dia Nacional do Samba.
Inicialmente o Dia do Samba era comemorado apenas em Salvador. A data foi
criada em homenagem a Ary Barroso, pela composição da música “Na Baixa do
Sapateiro” e é uma referência a primeira visita dele à Capital. Depois foi se
espalhando para outras cidades e estados até entrar para o calendário nacional.
Hoje é Dia de comemorar e sambar bastante.
Ontem eu saí do Centro do Rio e
fui de VLT até a Cidade do Samba, que fica na Gamboa, Zona Portuária do Rio, para
participar do lançamento do CD dos sambas-enredos para o Carnaval 2017 das escolas
de samba do Grupo Especial. O evento é bastaste disputado, pois, o samba-enredo
é considerado o mais importante dos quesitos que as escolas apresentam durantes
seus desfiles. É evidente que as musas
do samba roubam grande parte da cena, mas a festa é um momento de
confraternização, onde os compositores de todas as agremiações trocam abraços entre
si e depois são chamados ao palco, escola por escola, para apresentação de suas
obras. Quando a festa terminou já era o Dia Nacional do Samba e já não havia mais
transporte público.
Podemos observar como os espaços
urbanos são apropriados ou reinventados pelo samba. Além de estar ligado ao
tradicional poder político da dominação, o território é compreendido também a
partir do sentido simbólico da apropriação.
A Zona Portuária foi toda reurbanizada e revitalizada. Ganhou museus, novos
prédios residenciais, lojas, etc. e o samba continuou ali, forte e com seu
espaço garantido numa área em sua presença sempre foi marcante.
Desde seus primeiros momentos, o
samba carioca se conectou com seus territórios de forma muito
representativa. Nunca houve uma
estrutura única e rígida, mas um sistema aberto e em busca de aprimoramento de
seus conceitos. Dessa forma, o samba e
seus atores, estabelecem relações entre si e diversas zonas de vizinhança. Eis
aí alguns dos principais elementos essenciais e comum do samba, que explicam,
inclusive, a sua fluidez: mobilidade, agentes culturais, redes, conexões e
comunidades.
Dentre as invenções do samba, ao
longo de sua história, podemos perceber a formação de diversas redes de
sambistas e sub territórios específicos, que passaram a formar o território
carioca, depois o fluminense, até alcançar todos os estados brasileiros. Podemos
extrair a partir daí, algumas relações; dos sambistas com determinadas áreas, do samba com a cultura das
comunidades, do mundo do samba com a Cidade do Rio de Janeiro e da Cidade com o
Brasil. Logo, há uma necessidade de relacionamento intrínseca ao ambiente do
samba que se expressa na sua intensa movimentação. O Samba Carioca foi proclamado
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2007, quando as matrizes do Samba no
Rio de Janeiro; o partido alto, o samba de terreiro e o samba enredo foram
incluídos no Livro de Registro de Formas de Expressão.
Pensemos no conceito da mobilidade
urbana – o que a Avenida Central, a Avenida Presidente Vargas e, depois, os
viadutos, representaram culturalmente quando surgiram? O que os VLTs e BRTs, o
metrô, a oferta de Vans na madrugada, o Cartão Integração Intermunicipal, os
trens e barcas com ar condicionado, o taxi e o aplicativo Uber, representam
hoje? Pelos horários das reuniões e encontros de sambistas, a oferta de
transporte coletivo e a qualidade da mobilidade urbana influenciam diretamente
a fruição do samba.
Assim, o samba e suas invenções, não giram
apenas em torno de um gênero musical. O samba é uma cultura ampla,
definida social e territorialmente, com ações e expressões próprias. Em suas
relações simbólicas e subjetivas ele se mostra presente através da população
e da ocupação dos equipamentos culturais, sem abrir mão daqueles espaços que
vão se caracterizando como “bons” para suas atividades; tais como, praças,
esquinas, calçadas, portas de botecos, terreiros, lajes, final de ladeiras,
fundos de quintais, dentre outros.
(Rio, 02/11/2016, por Álvaro Maciel)
Chico Buarque, João do Vale e Clara Nunes
Dona Ivone Lara e Clementina de Jesus
Mestre Candeia e Martinho da Vila
Alcione
Alcione, Clara Nunes e Leci Brandão
Gisa Nogueira, Dona Ivone e Leci Brandão
Loja onde foi gravado o sama Pelo Telefone
Mestre Cartola e Dona Zica
Almir Guineto Mestre Ismael Silva
Conjunto Fundo de Quintal
Beth Carvalho e Zeca Pagodinho
Jovelina Perola Negra
Guilherme de Brito, Beth e Nelson Cavaquinho
Paulinho da Viola
Conjunto Os Originais do Samba
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