sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O Dia do Samba e o samba na cidade



 Mestre Cartola e Nelson Cavaquinho

Viva do Dia Nacional do Samba. Inicialmente o Dia do Samba era comemorado apenas em Salvador. A data foi criada em homenagem a Ary Barroso, pela composição da música “Na Baixa do Sapateiro” e é uma referência a primeira visita dele à Capital. Depois foi se espalhando para outras cidades e estados até entrar para o calendário nacional. Hoje é Dia de comemorar e sambar bastante.

Ontem eu saí do Centro do Rio e fui de VLT até a Cidade do Samba, que fica na Gamboa, Zona Portuária do Rio, para participar do lançamento do CD dos sambas-enredos para o Carnaval 2017 das escolas de samba do Grupo Especial. O evento é bastaste disputado, pois, o samba-enredo é considerado o mais importante dos quesitos que as escolas apresentam durantes seus desfiles.  É evidente que as musas do samba roubam grande parte da cena, mas a festa é um momento de confraternização, onde os compositores de todas as agremiações trocam abraços entre si e depois são chamados ao palco, escola por escola, para apresentação de suas obras. Quando a festa terminou já era o Dia Nacional do Samba e já não havia mais transporte público.  

Podemos observar como os espaços urbanos são apropriados ou reinventados pelo samba. Além de estar ligado ao tradicional poder político da dominação, o território é compreendido também a partir do sentido simbólico da apropriação.  A Zona Portuária foi toda reurbanizada e revitalizada. Ganhou museus, novos prédios residenciais, lojas, etc. e o samba continuou ali, forte e com seu espaço garantido numa área em sua presença sempre foi marcante.

Desde seus primeiros momentos, o samba carioca se conectou com seus territórios de forma muito representativa.  Nunca houve uma estrutura única e rígida, mas um sistema aberto e em busca de aprimoramento de seus conceitos.  Dessa forma, o samba e seus atores, estabelecem relações entre si e diversas zonas de vizinhança. Eis aí alguns dos principais elementos essenciais e comum do samba, que explicam, inclusive, a sua fluidez: mobilidade, agentes culturais, redes, conexões e comunidades.

Dentre as invenções do samba, ao longo de sua história, podemos perceber a formação de diversas redes de sambistas e sub territórios específicos, que passaram a formar o território carioca, depois o fluminense, até alcançar todos os estados brasileiros. Podemos extrair a partir daí, algumas relações; dos sambistas com  determinadas áreas, do samba com a cultura das comunidades, do mundo do samba com a Cidade do Rio de Janeiro e da Cidade com o Brasil. Logo, há uma necessidade de relacionamento intrínseca ao ambiente do samba que se expressa na sua intensa movimentação. O Samba Carioca foi proclamado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2007, quando as matrizes do Samba no Rio de Janeiro; o partido alto, o samba de terreiro e o samba enredo foram incluídos no Livro de Registro de Formas de Expressão.

Pensemos no conceito da mobilidade urbana – o que a Avenida Central, a Avenida Presidente Vargas e, depois, os viadutos, representaram culturalmente quando surgiram? O que os VLTs e BRTs, o metrô, a oferta de Vans na madrugada, o Cartão Integração Intermunicipal, os trens e barcas com ar condicionado, o taxi e o aplicativo Uber, representam hoje? Pelos horários das reuniões e encontros de sambistas, a oferta de transporte coletivo e a qualidade da mobilidade urbana influenciam diretamente a fruição do samba.

Assim, o samba e suas invenções, não giram apenas em torno de um gênero musical. O samba é  uma cultura ampla, definida social e territorialmente, com ações e expressões próprias. Em suas relações simbólicas e subjetivas ele  se mostra presente através da população e da ocupação dos equipamentos culturais, sem abrir mão daqueles espaços que vão se caracterizando como “bons” para suas atividades; tais como, praças, esquinas, calçadas, portas de botecos, terreiros, lajes, final de ladeiras, fundos de quintais, dentre outros.

(Rio, 02/11/2016, por Álvaro Maciel)



Chico Buarque, João do Vale e Clara Nunes    

 Dona Ivone Lara e Clementina de Jesus


Mestre Candeia e Martinho da Vila

 Alcione

Alcione, Clara Nunes e Leci Brandão


Gisa Nogueira, Dona Ivone e Leci Brandão


Loja onde foi gravado o sama Pelo Telefone 



Mestre Cartola e Dona Zica



 
               Almir Guineto                                                                Mestre Ismael Silva



Conjunto Fundo de Quintal


 Beth Carvalho e Zeca Pagodinho


Jovelina Perola Negra

Guilherme de Brito, Beth e Nelson Cavaquinho

 Paulinho da Viola

 Conjunto Os Originais do Samba













































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