“A experiência estética é aquela categoria de pensamento
capaz de criar encantamento e desejos íntimos acerca da vida.
A pessoa humana é uma criação do desejo, e não da necessidade.”
Sartre
Tod@s:
O pensamento do Sartre, pode ajudar a caracterizar a “emoção “ resumida, do que fazemos nos Pontos de Cultura. Tenho percebido nestes anos de Programa Cultura Viva, que os Pontos “são“. Como podemos, por exemplo, manter tal condição (Pontos/ Pontinhos /Pontões), atravessando todo um ano sem convênio (peça oficial que estabelece tal nominação), ou mesmo sem recursos para tal?? Justamente por que tal condição é anterior e posterior, a peças de convênio e editais. O que garante a classificação, a nominação, é parte do conceito, ou mesmo, uma conseqüência dele, um resultado.
Alguém deixou de ser Ponto ou Pontão (uma vez assim batizados), no período que esteve sem convênio e/ou verba financiada pelo governo? Ao pé da letra, como formatar um desejo? Como concretizar o abstrato da arte? Como enquadrar num projeto, encantamento e subjetividade?? Como fazer isto, estando “ isto “ à mercê de processos burocráticos, sujeitos a rigidez da máquina que rege o sistema, expostas as prestações de contas das tantas “notas fiscais”, que não se tem/ tinha AINDA, autorizo, leitura e rubricas para tal?
Ponderações:
1) Sobre o futuro do programa Cultura Viva
Sugiro a leitura das 13 Diretrizes do Governo Dilma (http://www.presidencia.gov.br/diretrizes-de-governo/view), deixando aqui, ao menos um deles:
“Valorizar a cultura nacional, dialogar com outras culturas, democratizar os bens culturais e favorecer a democratização da comunicação.
Serão ampliados os Pontos de Cultura e outros equipamentos, além da implementação do Vale Cultura. A comunicação livre, plural e capaz de refletir as distintas expressões da sociedade brasileira será favorecida. O fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura permitirá uma presença maior de iniciativas em diversas cidades do País. A memória e o patrimônio histórico e cultural nacional serão valorizados. Além disso, o Ministério da Cultura proporá iniciativas para fortalecer a indústria audiovisual nacional, conectando-a com a de outros países, em especial os da América do Sul. Serão aperfeiçoados os mecanismos de financiamento da cultura”.
2) Sobre o cenário presente
O que afeta todos nós (o Pontão Rede Fluminense de Cultura - Comcultura), com empenhos de maio do ano passado, convênio e publicação já feitos, SEM pagamento até hoje, rende/rendeu problemas e desgastes irrecuperáveis, considerando o tempo que não volta, e o PTA prejudicado em função do não cumprimento do MinC, na parte que lhe cabia (e olha que mantemos apenas UMA atividade do Pontão – O Seminário Permanente de Políticas Culturais, que conta com parceiros históricos com a UERJ e a Casa de Rui Barbosa), certamente creio que será contornado. As MUDANÇAS na equipe (Ministra e secretários), sinaliza isto, para bom entendedor: SE TUDO estivesse bom, nada seria mudado. O que temos de continuação no Governo Dilma, é o que deu certo, é o conceito em sua forma geral. Para o MinC ( como em outras pastas), mudar para MELHORAR, é a palavra de ordem. Os pagamentos dos convênios, prêmios e editais (que nos tiram as noites de sono, pois para dar VIDA e forma ao abstrato, ao desejo e a subjetividade que norteia a arte, a cultura, temos sabido CRER que é preciso R$ - quem leu o Caderno Boa Chance do O Globo neste domingo?? Quantas vezes podemos ver a CULTURA, nos cadernos que tratam de negócio e da política???), das entidades e/ou pessoas físicas, acredito MUITO que serão pagos, depois das devidas avaliações, contas e prioridades que a nova equipe tem refletido no montante dos problemas encontrados ( não apenas dos restos à pagas, mas de gestão e operacionalidade).
Diante deste quadro ( pagamentos e encaminhamentos do Programa Cultura Viva), faço referência a adaptação do samba de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro ( de ponto de santo, pois que o” tempo” é também um orixá – informação do meu amigo Flavio Aniceto, do CPC Aracy de Almeida), fazendo da paciência, prudência e da observação, meus instrumentos principais de ação, neste período:
"eu perguntei ao tempo, quanto tempo eu tenho pra passar o tempo?"
3) Sobre a Ministra e o PT
Qualquer um sabe da dinâmica da política e como se estabelece a divisão do poder, no jogo das instituições públicas. Ana de Hollanda não é apenas um bom nome (lembrando aqui, que poderia ter sido outro nome, ou mesmo “qualquer” nome), como é o resultado de anos de trabalho e crença na “IMAGINAÇÃO A SERVIÇO DO BRASIL”, onde o PT, pensou, debateu, produziu, propôs, e defendeu BOA parte do que temos vivido HOJE, nas tantas conquistas das políticas culturais no pais, expandidas e ampliadas, pelos cantos todos do Brasil, nos variados setores ( público, sociedade civil, movimentos livres, privado, legislativo). Foi este PT que apresentou o nome de LULA para Presidente, por dois mandatos, e este mesmo partido manteve o nome de sua sucessora, eleita de modo histórico como Presidenta, aliada a parceiros que no jogo das composições, integram hoje o governo. Porque será que a sociedade vem apostando nos nomes do PT, para gerência do país? Quem teria hoje, mais histórico, acúmulos e contribuições a CULTURA, que o PT? Sou filiada ao partido há 27 anos. Tenho tido crises e frustrações imensas, ao longo destes anos. Ainda sim, tenho clareza suficiente para continuar crendo no PT, como partido que melhor tem me representando, principalmente nas áreas de minha atuação profissional, e ainda em aspectos fundamentais de minha condição cidadã.
4) Sobre a nova secretária da SCC, Sra. Marta Porto:
“ A forma como a política cultural tem sido desenvolvida, quase que obriga a só pensar micro: enquanto se concentra apenas em como produzir projetos e planos de marketing, esquece-se de pensar nos pilares simbólicos da cultura e da condição humana. A cultura é muito maior que o show business; desenha a visão de mundo que queremos construir e dá sentido à vida humana”, um resumo da ópera de sua atuação como agente/produtora cultural.
Quem tem interesse de se aprofundar um pouco mais no pensamento da nova Secretária escalada pela nova Ministra da Cultura, pode ainda visitar a recente publicação do Itaú Cultural, e dar uma boa lida no artigo “ As sandálias de Perseu “ ( pág. 71 http://www.itaucultural.org.br/bcodemidias/001783.pdf ). Isto para ficar apenas na SCC, sem esquecer que o MinC é maior do que uma Secretaria, e ações entre as pastas, outros Ministérios e sociedade, é política mais do que necessária para manter sua expansão, dentro e fora do governo. O MinC é um bebê, considerando nossos anos de República e organização ministerial. Os abacaxis todos do Programa Cultura Viva, evidencia o quanto este “bebê” precisa crescer, aprender ele próprio a “caminhar” na máquina, onde idéias e sonhos, precisam se ajustar ao sistema. A frase da Clarice Lispector, serve para o Governo (MinC ), e para nós, que acreditamos e apostamos, em doses cavalares quase que iguais ainda que as competências fosse obviamente diferentes: “Tentando acertar, estava sempre cometendo erros. Sou uma culpada inocente”.
Por fim, considerando diálogos, pontes, conversas, reflexões e as ações futuras (pós momento de transição e TODOS os acertos que todos bem merecemos), registro parabéns pela presença de André Diniz, na Chefia da Representação Regional MinC RJ ES. O nome do André é um resumo destas ponderações, onde se somam o subjetivo (ele é escritor, navega pelos mares da arte), e o concreto (ex- Secretário Municipal de Cultura de Niterói, ex-Vereador da mesma cidade), onde a CULTURA deve casar cada vez mais ações & desenvolvimento, considerando o que todos DESEJAMOS, com nossos desejos.
Cleise Campos
Atriz Bonequeira e Historiadora
Direção Comcultura RJ
Muito bom, amanhã estarei linkando nos meus blogs. grande abraço
ResponderExcluirartur gomes
http://goytacity.blogspot.com
Obrigado Arthur.
ResponderExcluirVou likar seu blog seu blog aqui tb.
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