quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um caso de polícia em São Gonçalo-RJ: A Fazenda do Colubandê


05    de Novembro - Dia da Cultura/2011
                                                                              * Cleise Campos
CARTA ABERTA PARA:
Artistas, Trabalhadores de Cultura, Arte - Educadores, Professores, Conselheiros Municipais de Cultura, Conselheiros Municipais de Educação e Vereadores  de São Gonçalo – RJ;
Sr. Secretário Municipal de Cultura e Turismo  São Gonçalo RJ -  Carlos Ney Ribeiro;
Sra. Secretária Municipal de Educação  São Gonçalo RJ - Keyla Nícia Dias de Carvalho da Silva;
Sra. Prefeita Municipal  São Gonçalo RJ - Aparecida Panisset;
Sra. Secretária  Estadual de Cultura do Rio de Janeiro - Adriana Rattes;
Sr  Comandante Geral Polícia Militar  Estado Rio de Janeiro - Coronel Erir da Costa Filho;
Sr.  Governador do Estado do Rio de Janeiro - Sergio Cabral

                              São Gonçalo permaneceu por um bom tempo, na grande mídia nacional, pela morte de Patrícia Acioli: o assassinato da juíza que atuava na cidade gonçalense, gerou a maior de todas as crises na Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a PMERJ. O  Coronel Erir Ribeiro, que assume o comando geral, mexe na alta cúpula.  Decretos, portarias, alterações intensas, encaminhamentos sumários com  aval do governador, dão a tônica das mudanças  propostas pelo novo Comandante. O que isto teria de comum  para ser registrado no dia da cultura, tendo São Gonçalo como destaque? Em tempos de megas cifras advindas do COMPERJ, o Complexo Petroquímico PETROBRAS, das megas disputas pelas eleições municipais em 2012, dos megas problemas estruturais vivenciados pela segunda maior cidade do estado fluminense no seu cotidiano mais simples, e das repetidas frustrações vividas pela sua população, semana passada, em Brasília, foi anunciado pelo Ministério da Cultura, mais um programa federal para Gonça: além das Praças Culturais do PAC, a instalação de uma Usina Cultural. Ambas ações implicam em contra-partida da Prefeitura. O registro fica de alerta em função do cumprimento dos prazos de praxe na burocracia. Precisa de “alerta” ? O  sistemático  descaso na efetivação da pauta cultural local, é constante no universo das políticas públicas ( o projeto do Teatro Municipal da cidade, por exemplo, continua parado).

                      Acompanhando as mudanças na PMERJ assumidas pelo novo Comandante Geral, com tarefa estratégica de acabar com a crise instalada, e uma relação com a cultura gonçalense,  o pensamento  do filósofo francês Deleuze, atende:“ O que pode consistir a “ força secreta” que movimenta a vida de algumas pessoas ? O que pode o pensamento contra todas as forças que, ao nos atravessarem, nos querem fracos, tristes,servos e tolos? CRIAR.”  Juntar  a crise da PMERJ, com o Dia da Cultura em São Gonçalo, é somar as ações numa tarefa comum:  só nos resta CRIAR ( apesar do comércio no mundo, e do mundo e seus tantos calhordas ). As palavras tem poder. Escrevia isto em depoimento anterior:  através das palavras pode-se fazer amor, mas certamente, pode-se também fazer a guerra, ou  estimular soluções. Numa cidade destituída de quase  tudo no cenário cultural, onde as ações lentas e nada abrangentes deixam órfãos as crianças, adolescente e jovens do acesso a cultura, no seu direito natural, usufruindo e exercitando o fazer cultural ( prescritos na Constituição Brasileira), nas suas variadas linguagens artísticas, a necessidade urgente de CRIAR, estimula esta reflexão.

                 Educação e cultura, como fatores fundamentais para o desenvolvimento e bem estar da sociedade, trazem a baila urgências que não podem mais ser proteladas, numa cidade de mais de milhão de habitantes. Medidas que apontem cenário para o futuro, que não mais reprisem o atraso que vivenciamos em São Gonçalo. Encaminhamentos integrando os cinco distritos, onde a energia do petróleo e dos políticos que nos representam nas instâncias de poder, possam propor metas coletivas de criação, superando os entraves da máquina pública e das disputas figadais partidárias, avançando num  mapa  cultural que  movimente a  cadeia produtiva da cidade. A aprovação do primeiro PLANO MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO GONÇALO ( aguardando  envio da mensagem do executivo, para votação na Câmara Municipal ), balizador da política cultural da cidade durante dez anos (http://pmculturasg.blogspot.com/p/sistema-municipal-de-cultura.html), é fator importantíssimo neste contexto.

                     Na tentativa de exercício coletivo de criação, atenção neste caso de polícia em especial, que pode ter fácil  solução entre a PMERJ  e a Cultura Gonçalense: A FAZENDA DO COLUBANDÊ, na cidade de São Gonçalo, obra do século XVIII,  um dos poucos patrimônios culturais locais, tombado pelo  INEPAC/ Secretaria Estadual de Cultura. No Governo Brizola, uma cessão de uso por dois anos (renováveis), foi liberada para abrigar a sede do Batalhão de Polícia Florestal e Meio Ambiente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, mantendo de modo pouco harmonioso, a ocupação do espaço junto com atividades culturais locais, ali desenvolvidas (espaço  museu, exposição de artes plásticas, apresentações culturais). Em pouco tempo, a  “ocupação” deixou de ser  permitida, e a pauta  da cultura local, foi afastada do espaço. Exercendo função de secretária municipal de cultura, e sub-secretária municipal de educação, no Governo  Henry Charles, em ação coletiva com os artistas gonçalenses, apresentamos encaminhamento junto ao governo do estado, com a solicitação de rever a situação, tentando abrir  negociação sobre a possível ocupação da Fazenda do Colubandê, em ação compartilhada com o governo estadual. O pleito nunca atendido.

                  A poucos meses, lendo  notícia sobre o episódio da Casa da Fazenda do Capão do Bispo, em Del Castilhos, onde a Secretária de Estado de Cultura, Sra. Adriana Rattes, decreta a retomada  do espaço para cultura,  o assunto  Fazenda do Colubandê, amplamente  votado na  IV Conferência Municipal de Cultura de SG, em 2009 ( a maior do estado, realizada na FFP UERJ), saiu da gaveta o pensamento-indagação: no dia da Cultura, o que poderia se fazer em Gonça, cidade  sem orçamento compatível para cultura, sem aparelhos culturais  e canais de comunicação que atendam a população, sem  espaço e equipe técnica atuante na estrutura administrativa da cultura, que sejam condizentes, sem políticas públicas de cultura contínuas?  Reivindicar  a ocupação  da Fazenda do Colubandê para cultura local, ganhando o valioso patrimônio para cultura local. Ciente  que os processos na máquina pública demandam tempo (mesmo crendo que quando se quer, se faz), o calendário eleitoral de 2012 poderia ser um bom norteador de resultados, onde cada um dos atores e protagonistas envolvidos, teria prazo sensível e cuidadoso para o assunto. Precisamos localizar pessoas que queiram se juntar em exercícios de criação, objetivando mudanças para nossa cidade. Pessoas dispostas a criar, dispostas a ousar. Em tempos de megas  anúncios e operações, bom seria saber de megas-atitudes  em prol de Gonça. Colegas: vamos tocar este tambor! Conselheiros Municipais, Secretários Municipais e Vereadores: defendam o pleito da cidade! Prefeita Aparecida Panisset, negocie com Adriana Rattes e o Coronel Erir Ribeiro!! Governador Sergio Cabral, resolva este caso: LIBERE A FAZENDA DO COLUBANDÊ PARA CULTURA DE SÃO GONÇALO!

Cleisemery Campos da Costa - Gonçalense - Atriz-Bonequeira e Historiadora / Direção e Pesquisa - COMCULTURA RJ

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