05 de
Novembro - Dia da Cultura/2011
* Cleise Campos
CARTA
ABERTA PARA:
Artistas,
Trabalhadores de Cultura, Arte - Educadores, Professores, Conselheiros
Municipais de Cultura, Conselheiros Municipais de Educação e Vereadores de São Gonçalo – RJ;
Sr.
Secretário Municipal de Cultura e Turismo São Gonçalo RJ - Carlos Ney Ribeiro;
Sra.
Secretária Municipal de Educação São Gonçalo
RJ - Keyla Nícia Dias de Carvalho da Silva;
Sra.
Prefeita Municipal São Gonçalo RJ -
Aparecida Panisset;
Sra. Secretária Estadual de Cultura do Rio de Janeiro -
Adriana Rattes;
Sr Comandante Geral Polícia Militar Estado Rio de Janeiro - Coronel Erir da Costa
Filho;
Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro -
Sergio Cabral
São Gonçalo permaneceu por um bom
tempo, na grande mídia nacional, pela morte de Patrícia Acioli: o assassinato
da juíza que atuava na cidade gonçalense, gerou a maior de todas as crises na
Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a PMERJ. O Coronel Erir Ribeiro, que assume o comando
geral, mexe na alta cúpula. Decretos,
portarias, alterações intensas, encaminhamentos sumários com aval do governador, dão a tônica das mudanças
propostas pelo novo Comandante. O que isto
teria de comum para ser registrado no
dia da cultura, tendo São Gonçalo como destaque? Em tempos de megas cifras
advindas do COMPERJ, o Complexo Petroquímico PETROBRAS, das megas disputas
pelas eleições municipais em 2012, dos megas problemas estruturais vivenciados
pela segunda maior cidade do estado fluminense no seu cotidiano mais simples, e
das repetidas frustrações vividas pela sua população, semana passada, em
Brasília, foi anunciado pelo Ministério da Cultura, mais um programa federal
para Gonça: além das Praças Culturais do PAC, a instalação de uma Usina
Cultural. Ambas ações implicam em contra-partida da Prefeitura. O registro fica
de alerta em função do cumprimento dos prazos de praxe na burocracia. Precisa
de “alerta” ? O sistemático descaso na efetivação da pauta cultural local,
é constante no universo das políticas públicas ( o projeto do Teatro Municipal
da cidade, por exemplo, continua parado).
Acompanhando as mudanças na PMERJ assumidas
pelo novo Comandante Geral, com tarefa estratégica de acabar com a crise
instalada, e uma relação com a cultura gonçalense, o pensamento
do filósofo francês Deleuze, atende:“ O que pode consistir a “ força
secreta” que movimenta a vida de algumas pessoas ? O que pode o pensamento
contra todas as forças que, ao nos atravessarem, nos querem fracos, tristes,servos
e tolos? CRIAR.” Juntar a crise da PMERJ, com o Dia da Cultura em São
Gonçalo, é somar as ações numa tarefa comum: só nos resta CRIAR ( apesar do comércio no
mundo, e do mundo e seus tantos calhordas ). As palavras tem poder. Escrevia isto
em depoimento anterior: através das
palavras pode-se fazer amor, mas certamente, pode-se também fazer a guerra, ou estimular soluções. Numa cidade destituída de
quase tudo no cenário cultural, onde as
ações lentas e nada abrangentes deixam órfãos as crianças, adolescente e jovens
do acesso a cultura, no seu direito natural, usufruindo e exercitando o fazer
cultural ( prescritos na Constituição Brasileira), nas suas variadas linguagens
artísticas, a necessidade urgente de CRIAR, estimula esta reflexão.
Educação e cultura, como
fatores fundamentais para o desenvolvimento e bem estar da sociedade, trazem a
baila urgências que não podem mais ser proteladas, numa cidade de mais de
milhão de habitantes. Medidas que apontem cenário para o futuro, que não mais
reprisem o atraso que vivenciamos em São Gonçalo. Encaminhamentos integrando os
cinco distritos, onde a energia do petróleo e dos políticos que nos representam
nas instâncias de poder, possam propor metas coletivas de criação, superando os
entraves da máquina pública e das disputas figadais partidárias, avançando num mapa
cultural que movimente a cadeia produtiva da cidade. A aprovação do
primeiro PLANO MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO GONÇALO ( aguardando envio da mensagem do executivo, para votação
na Câmara Municipal ), balizador da política cultural da cidade durante dez
anos (http://pmculturasg.blogspot.com/p/sistema-municipal-de-cultura.html), é
fator importantíssimo neste contexto.
Na tentativa de exercício
coletivo de criação, atenção neste caso de polícia em especial, que pode ter
fácil solução entre a PMERJ e a Cultura Gonçalense: A FAZENDA DO
COLUBANDÊ, na cidade de São Gonçalo, obra do século XVIII, um dos poucos patrimônios culturais locais,
tombado pelo INEPAC/ Secretaria Estadual
de Cultura. No Governo Brizola, uma cessão de uso por dois anos (renováveis), foi
liberada para abrigar a sede do Batalhão de Polícia Florestal e Meio
Ambiente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, mantendo de modo
pouco harmonioso, a ocupação do espaço junto com atividades culturais locais, ali
desenvolvidas (espaço museu, exposição
de artes plásticas, apresentações culturais). Em pouco tempo, a “ocupação” deixou de ser permitida, e a pauta da cultura local, foi afastada do espaço. Exercendo
função de secretária municipal de cultura, e sub-secretária municipal de
educação, no Governo Henry Charles, em
ação coletiva com os artistas gonçalenses, apresentamos encaminhamento junto ao
governo do estado, com a solicitação de rever a situação, tentando abrir negociação sobre a possível ocupação da
Fazenda do Colubandê, em ação compartilhada com o governo estadual. O pleito
nunca atendido.
A poucos meses, lendo notícia sobre o episódio da Casa da Fazenda do
Capão do Bispo, em Del Castilhos, onde a Secretária de Estado de Cultura, Sra.
Adriana Rattes, decreta a retomada do
espaço para cultura, o assunto Fazenda do Colubandê, amplamente votado na
IV Conferência Municipal de Cultura de SG, em 2009 ( a maior do estado,
realizada na FFP UERJ), saiu da gaveta o pensamento-indagação: no dia da
Cultura, o que poderia se fazer em Gonça, cidade sem orçamento compatível para cultura, sem
aparelhos culturais e canais de
comunicação que atendam a população, sem espaço e equipe técnica atuante na estrutura
administrativa da cultura, que sejam condizentes, sem políticas públicas de
cultura contínuas? Reivindicar a ocupação
da Fazenda do Colubandê para cultura local, ganhando o valioso
patrimônio para cultura local. Ciente
que os processos na máquina pública demandam
tempo (mesmo crendo que quando se quer, se faz), o calendário eleitoral de 2012
poderia ser um bom norteador de resultados, onde cada um dos atores e
protagonistas envolvidos, teria prazo sensível e cuidadoso para o assunto. Precisamos
localizar pessoas que queiram se juntar em exercícios de criação, objetivando
mudanças para nossa cidade. Pessoas dispostas a criar, dispostas a ousar. Em
tempos de megas anúncios e operações,
bom seria saber de megas-atitudes em
prol de Gonça. Colegas: vamos tocar este tambor! Conselheiros Municipais,
Secretários Municipais e Vereadores: defendam o pleito da cidade! Prefeita
Aparecida Panisset, negocie com Adriana Rattes e o Coronel Erir Ribeiro!! Governador
Sergio Cabral, resolva este caso: LIBERE A FAZENDA DO COLUBANDÊ PARA
CULTURA DE SÃO GONÇALO!
Cleisemery
Campos da Costa - Gonçalense - Atriz-Bonequeira
e Historiadora / Direção e Pesquisa - COMCULTURA RJ
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