sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Jovem que passou em 1º lugar na USP diz que “meritocracia é uma falácia”





A menina negra e pobre que passou em 1º lugar no curso mais concorrido da Fuvest voltou a soltar mais uma frase de efeito que está movimentando as redes sociais:  “meritocracia é uma falácia”.

A primeira mensagem simbólica de Bruna foi publicada por ela, nas redes sociais, na segunda feira, 06/02,  logo após ter recebido a notícia de sua aprovação “A casa grande surta quando a senzala vira médica”. Assim, a jovem segue aglutinando centenas de seguidores encantados com sua postura firme diante de temas como racismo, liberdade de gênero, cotas e desigualdade social.  Em uma das reportagens Bruna afirma orgulhar-se do cabelo crespo e de sua origem.

Em entrevista ao portal Saúde Popular, Bruna diz que tem sua mãe como principal inspiração e critica a falácia da meritocracia. “A meritocracia é uma falácia. Eu consegui porque tive ajuda. Não dá para igualar as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades. Eu me esforcei muito, sim, mas não consegui só por causa disso, eu tive apoio. E é isso que a gente tem que dar para quem não tem oportunidade. A gente perde muitos gênios por aí, inclusive nas favelas porque não podem estudar”.

O primeiro lugar de Bruna somado as suas declarações estão alimentando o debate sobre cotas e desigualdades sociais.  Havia um bom tempo, por exemplo, que a mídia não   comentava sobre a distribuição das vagas dos cursos de medicina, que continuam preenchidas em ampla maioria por pessoas brancas.  Então, vem a Bruna, como exceção à regra e consegue ultrapassar a barreira. É dessa barreira que as classes hegemônicas não gostam de falar, como se fosse normal a situação de que as vagas de medicinas sejam ocupadas por pessoas brancas da classe média alta.

Enquanto a classe média não quer dividir “seus” espaços com pessoas das classes menos favorecidas, inclusive nas universidades públicas; a mídia, por sua vez, evita falar das dificuldades que os jovens de pobres são obrigados a enfrentar na rede pública de ensino.

Parabéns para Bruna Sena! Só não podemos esquecer que ela chegou lá por seu esforço próprio e não em razão de uma política pública de ensino democrática. As desigualdades sociais no Brasil ainda são alarmantes e perpassam pelo recorte racial.


(por Álvaro Maciel)

Nenhum comentário:

Postar um comentário