A
menina negra e pobre que passou em 1º lugar no curso mais concorrido da Fuvest
voltou a soltar mais uma frase de efeito que está movimentando as redes sociais: “meritocracia é uma falácia”.
A
primeira mensagem simbólica de Bruna foi publicada por ela, nas redes sociais, na segunda feira, 06/02, logo após ter recebido a notícia de sua aprovação “A casa grande surta quando a
senzala vira médica”. Assim, a jovem segue aglutinando centenas de seguidores
encantados com sua postura firme diante de temas como racismo, liberdade de
gênero, cotas e desigualdade social. Em
uma das reportagens Bruna afirma orgulhar-se do cabelo crespo e de sua origem.
Em
entrevista ao portal Saúde Popular, Bruna diz que tem sua mãe como principal
inspiração e critica a falácia da meritocracia. “A meritocracia é uma falácia.
Eu consegui porque tive ajuda. Não dá para igualar as pessoas que não tiveram
as mesmas oportunidades. Eu me esforcei muito, sim, mas não consegui só por causa
disso, eu tive apoio. E é isso que a gente tem que dar para quem não tem
oportunidade. A gente perde muitos gênios por aí, inclusive nas favelas porque
não podem estudar”.
O
primeiro lugar de Bruna somado as suas declarações estão alimentando o debate
sobre cotas e desigualdades sociais.
Havia um bom tempo, por exemplo, que a mídia não comentava sobre a distribuição das vagas dos
cursos de medicina, que continuam preenchidas em ampla maioria por pessoas
brancas. Então, vem a Bruna, como
exceção à regra e consegue ultrapassar a barreira. É dessa barreira que as
classes hegemônicas não gostam de falar, como se fosse normal a situação de que
as vagas de medicinas sejam ocupadas por pessoas brancas da classe média alta.
Enquanto
a classe média não quer dividir “seus” espaços com pessoas das classes menos
favorecidas, inclusive nas universidades públicas; a mídia, por sua vez, evita
falar das dificuldades que os jovens de pobres são obrigados a enfrentar na
rede pública de ensino.
Parabéns
para Bruna Sena! Só não podemos esquecer que ela chegou lá por seu esforço
próprio e não em razão de uma política pública de ensino democrática. As
desigualdades sociais no Brasil ainda são alarmantes e perpassam pelo recorte
racial.
(por
Álvaro Maciel)
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