quarta-feira, 25 de maio de 2011

Arte, Vida e Utopia

Como diz a letra de um antigo samba “Quando derem a vez ao morro toda cidade vai cantar” parece que essas palavras proféticas vêm se estabelecendo como uma verdade histórica. A partir do governo Lula nós vimos por todos os cantos desse país que a diversidade, pluralidade e identidade são conceitos afirmados cada vez mais pelo antigo sentido de uma idéia que ainda circunda e assusta este mundo pós - moderno o “Povo”. Ao pensarmos o projeto cultural implantado nos últimos anos no Brasil veremos que a construção, sem paternalismo, de uma Identidade Nacional erguida sobre sua pluralidade e diversidade de identidades possibilitou o desenho de uma nova Nação e de um novo enfretamento com dita Cultura de Massa.

Ao potencializar as mais diversas expressões e saberes, a política cultural desenvolvida pelo governo Lula e agora pelo governo Dilma, alçou as vozes e práticas das camadas mais populares, conseqüentemente as mais oprimidas, a relevância na construção da idéia de uma Cultura Nacional. Desta forma, ao defender a diferença como forma de afirmação da igualdade pôs em prática a socialização dos acessos a produção e fruição dos processos e bens culturais.

Assim, nós do Setorial de Cultura do Partido dos Trabalhadores, se realmente pautarmos a nossa ação percebendo a construção Simbólica como central na valorização dos saberes e fazeres produzidos pelo “Povo” brasileiro teremos um caminho real para a transformação da sociedade na nossa busca “utópica” de um mundo de todos e para todos. Digo com grande convicção que se verdadeiramente entendermos o protagonismo e autonomia como elementos essenciais no processo cultural e erradicarmos a noção de que alguns são meros receptores desses valores e assumirmos o papel igualitário de que “todos” são emissores de valores no mundo contemporâneo provocaremos o enfrentamento concreto entre a idéia da Arte burguesa com todos os seus sentidos e campos e a produção cultural das grandes massas, e a partir daí, poderemos encontrar um novo sentido para discussão neste campo, não para negar a necessidade da Arte mais colocá-la numa nova tensão entre Vida e Utopia.

O Oprimido como poderia nos dizer, Augusto Boal, sempre produziu sua visão do mundo através da Cultura. A dita “cultura popular” está recheada de experimentações que a colocam sempre num campo de vanguarda na critica da opressão e também na da elaboração estética, afinal, poderíamos dizer que a mudança sempre vem do campo dos “mal - ditos”. Quem não sabe o samba já o foi, o forro, o axé e atualmente o funk. O que cabe aqui, neste momento, não é discutir a sua utilização pela indústria cultural produzida pela classe dominante na perpetuação dos seus interesses, cabe sim, refletir sobre as suas origens, suas conseqüências e a sua possível ação transformadora. O legado dos governos populares de Lula e Dilma será o empoderamento de toda a sociedade que saindo do papel de resistência e avançando para um protagonismo transformador retirará do centro das discussões a idéia de uma Arte de poucos e para poucos para uma Arte de todo dia, dia após dia.

Lino Rocca é diretor teatral e produtor cultural.

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