domingo, 6 de outubro de 2013

       

                  Políticas Transversais de Cultura*

           Sem dúvida a Cultura adquiriu um lugar singular e relevante na atualidade que nos obriga a pensá-la como dimensão transversal porque perpassa toda a complexa rede que compõe a sociedade atual e diferentes esferas sociais. Por suas interfaces, em especial com áreas afins, como Educação e Comunicação, torna-se urgente criar políticas transversais.  No conjunto de diferentes significados no campo social, cultural, na política, na economia, são articuladas e inauguradas instituições, profissões, atores, práticas, teorias, linguagens, símbolos, ideários, valores, interesses, tensões e conflitos que acontecem e se movimentam na cidade, combinando cada vez mais ações e decisões nas áreas de gênero, etnia, orientação sexual, ecologia. Em função disso, nos tempos contemporâneos, há uma proliferação de estudos, políticas e práticas culturais que articulam cultura e identidade, cultura e desenvolvimento, cultura da paz, cultura e diversidade, que confirmam o valor da cultura e a necessidade de colocá-lo no lugar de centralidade da governança. 

           Nesse contexto, investir conjuntamente em Cultura e Educação é estratégico, e para isso é necessário criar instâncias de coordenação entre as políticas culturais e educacionais e estimular a interação entre as expressões da cultura e o sistema educativo. As políticas culturais e educacionais podem construir uma agenda comum e colaborativa que qualifique a educação artística, implante a educação patrimonial e contribua para o incentivo ao livro e à leitura.

           Tão imprescindível quanto reatar o vínculo entre Cultura e Educação, é integrar as Políticas Culturais e de Comunicação, muito em função do papel dos meios de comunicação de massas de produtor e difusor de cultura. Na esfera da Comunicação, um dos principais desafios é garantir o cumprimento dos artigos da Constituição de 88 no que se refere ao princípio da regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
           A Cultura pode estar integrada também às Políticas de Saúde, seja na criação de ambientes lúdicos para o tratamento e socialização de doentes, seja no desenvolvimento de terapias baseadas nas artes – música, dança, artes visuais – adequadas à cura de sofrimentos mentais e outras enfermidades. 

          Assim como as políticas de Cultura e Segurança Pública precisam estar interligadas, não somente porque a capacidade de encantar, humanizar e reconstituir possibilidades de vida da Cultura reduzem ou previnem a violência, mas pela possibilidade de instaurar processos de autonomia e emancipação da sociedade. Requer uma política de ações e programas sociais e culturais estruturantes de forma a garantir a valorização, a autoralidade e o pertencimento dos agentes culturais, assim como de formação e profissionalização das polícias que garanta uma efetiva segurança pública na cidade.

          Políticas transversais são também necessárias entre áreas como Ciência e Tecnologia quando sinaliza para o reconhecimento da inovação científica e tecnológica como valor estratégico para a cultura e a ampliação dos meios digitais de expressão e acesso à cultura e ao conhecimento, incorporando a diversidade cultural do país,
       Portanto, um Programa de Cultura para Estado do Rio de Janeiro, terá como desafio traçar políticas e estratégias transversais gerando ações para a defesa da vida e promoção da juventude; do reconhecimento da diversidade, bem como urdir as relações cotidianas que expressam as tradições e os novos cidadãos valorizando a cultura de cada cidade do Estado.

Ana Lúcia Pardo*

  Doutoranda em Políticas Públicas na UERJ, consultora e gestora de cultura.

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