quarta-feira, 28 de maio de 2014



 Minha Sede, minha vida – um passo para autonomia da Cultura

                   A Baixada Fluminense se apresenta como um caso peculiar tratando-se de espaços culturais. Devido a total falta de espaços para esta questão na região parte dos nossos agentes culturais se colocou numa tarefa árdua: estabelecer uma sede física para desenvolvimento de suas atividades. No centro desta questão está à inexistência total de uma política de espaços culturais desenvolvida por qualquer esfera governamental, talvez por ter sido historicamente encarada como região dormitório, aliás, fato comum em todas as regiões metropolitanas do país e também aos nossos municípios do interior.

                  Apesar dos últimos doze anos dos governos Lula e Dilma terem acontecidos programas importantes neste sentido como: as praças do PAC, o Programa Cultura Viva/ Pontos de Cultura (mesmo que este não fosse um dos seus objetivos) e recentemente os Ceus, mesmos assim, não temos um programa efetivo de fomento e criação de espaços culturais que possa abarcar todo país. O caso é tão grave que mesmo o fomento dos Pontos de Cultura não previa custos administrativos para o desenvolvimento das atividades como se todo agente cultural nos país tivesse estrutura física ou financeira para manutenção de sede. Falar dos escassos espaços municipais é assustador, pois na maioria das vezes não dialogam com os grupos locais, não apresentam continuidade ou pior viram elefantes brancos no meio do deserto do Saara.

                 A falta de espaços culturais inviabiliza consolidação de um mercado consumidor local, por isso é necessário à existência de espaços com atividades contínuas. Esta inexistência cria um circulo vicioso, pois sem espaços para atividades, sejam elas didáticas (oficinas e cursos), sejam elas estéticas (apresentações artísticas) esses agentes culturais não encontram uma fonte de renda, consequentemente, não conseguem dar continuidade as suas atividades. Voltando a iniciativa peculiar da Baixada Fluminense nossos agentes culturais tem uma enorme precariedade para manutenção de suas sedes (a maioria de aluguel) sendo poucas as experiências que conseguem se consolidar em longo prazo. 

            Nas conversas estabelecidas pela nossa Rede Baixada Encena vislumbramos um programa de fomento e financiamento de sede para grupos culturais nos moldes do Programa Minha casa, minha vida. Isto mesmo um programa de compra de espaços para utilização sociocultural por entidades culturais feitos pela Caixa Econômica, BNDES e outros organismos como se faz para comprar a casa própria.

                  Se perguntarmos aos agentes culturais, pelos menos aqui na Baixada Fluminense, a grande maioria se sentiria pleiteada com tal ação. Trocar o pagamento do aluguel para investimento na compra de um espaço próprio seria uma vitoria significativa para todos nós. Além desse modelo uma ação de desapropriação de imóveis abandonados e sem uso social seria também de ótima repercussão. Outra ação paralela de vital valor seria um programa de doação de equipamentos de sonorização e iluminação para sedes estabelecidas com espaços de apresentações (este programa foi realizado pela Funarte em 2005 e 20006 e hoje se encontra paralisado).
                Bem, neste sentido termino afirmando ser fundamental e urgente trazer a tona uma discussão sobre a disseminação de aparelhos culturais em grande escala por todo Brasil como política de descentralização e democratização da Cultura no Brasil.

Lino Rocca – Ex Subsecretário de Cultura e Nova Iguaçu, Diretor e Produtor Teatral.





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