Hoje se
completam 36 anos sem o grande cantor e compositor Cartola. É difícil falar de
Cartola sem refletir sobre o seu reconhecimento tardio como grande nome da
música brasileira. Somente em 1974 , aos
65 anos, conseguiu gravar o seu primeiro disco solo. Após o enorme sucesso do primeiro disco veio o
LP que marcou definitivamente sua carreira, quando emplacou duas músicas nas
paradas , “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho”, composições que se
tornariam grandes clássicos da música brasileira. Cartola deixou o morro de Mangueira para fugir
dos assédios dos fãs e jornalista e passou os últimos anos de sua vida ao lado de
sua amada Dona Zica, em Jacarepaguá. Angenor de Oliveira nos deixou em 30 de
novembro de 1980, aos 72 anos.
Nascido no dia 11 de outubro de 1908 no bairro do Catete, no Rio, aos oito anos mudou-se para Laranjeiras e aos 11 para o Morro da Mangueira, que na
época era ainda pequeno e tinha não sequer 50 casas. Após a morte de sua
mãe, devido aos constantes conflitos com pai, aos 15 anos, saiu de casa e da
escola. Por um tempo levou uma vida boemia e errante. Conseguiu fazer uns bicos em
tipografias até conseguir um emprego fixo como pedreiro. Vem daí o seu apelido:
para evitar sujar a cabeça com cimento ele usava um chapéu-coco e seus
companheiros não demoraram a lhe apelidar de Cartola.
Foi um dos
criadores do Bloco dos Arengueiros no Carnaval, que mais tarde agregou novos
blocos e, em 28 de abril de 1928, fundaram a segunda Escola de Samba carioca, a
Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Homem simples,
Cartola veio a se tornou um dos maiores nomes do samba e da música brasileira.
Suas músicas de foram gravadas por diversos artistas dos mais variados estilos
e regiões, dentre os quais, Chico Buarque, Marisa Monte, Paulinho da Viola, e
eles, Beth Carvalho, Fagner, Gal Costa e muitos outros.
É bom saber
que a memória de Cartola está bem viva e preservada através do trabalho de
Nilcemar Nogueira, sua neta e presidente do Museu do Samba - situado à Rua
Visconde de Niterói, 1296 - Mangueira/RJ.
O museu possui espaço de exposição, auditório, sala de projeção, teatro,
biblioteca, loja, café, bar e restaurante. Fundado em janeiro de 2001 como Centro
Cultural Cartola, é uma organização sem fins lucrativos que reúne a mais
variada gama de pessoas devotadas à causa da cultura brasileira e do
desenvolvimento social. O complexo cultural, teve como primeira presidenta de
honra a companheira de nosso Mestre, a incansável Dona Zica, que nos deixou em
janeiro de 2003, cuja história de luta e sucesso é bastante conhecida no mundo
samba.
A escolha de
Cartola como patrono da instituição se justifica não apenas por sua importância
no mundo musical, mas também por sua história de luta, de superação de
dificuldades e de inserção ativa do indivíduo na sociedade através da produção
cultural. Tendo como referência a vida e obra de um grande mestre, morador da
Mangueira, poeta sofisticado e um dos maiores ícones da música popular
brasileira, o museu consegue atrair jovens da comunidade para as diversas
atividades voltadas à capacitação profissional e artística. A base deste
empreendimento é a vasta obra de Cartola, cuja importância para a música
popular brasileira é mundialmente reconhecida.
O Mestre
mangueirense se torna, assim, um exemplo a ser seguido pelas crianças, que têm
no Museu do Samba uma fonte de aprendizado, de experiência e de incremento de
suas capacidades. A preservação da memória de Cartola e do seu legado cultural
requer uma participação ativa da instituição junto à comunidade, o que tem sido
feito com muito amor e competência.